terça-feira, 19 de novembro de 2013

Harmonia no Templo

Peço-vos que as cogitações que a seguir partilho convosco sejam entendidas como algo de muito íntimo e subjectivo. Não pretendo, pois, dizer como deve ser ou o que deve ser a Harmonia num Templo, mas dar-vos apenas o meu testemunho pessoal sobre algumas formas – que se plasmam ora numa plataforma espiritual ora no plano físico – que contribuem para que eu sinta a existência e harmonia no Templo.

Sinto Harmonia num Templo quando, de facto, quer a forma de os Irmãos se movimentarem dentro dele quer as palavras que pronunciam – ritualísticas ou não – induzem vibrações que permitem ao espírito e à mente o completo alheamento do mundo profano e a integral concentração na beleza dos trabalhos. 
No decurso dos anos tenho ouvido alguns Irmãos Mestres dizerem-se fartos das sessões de Loja, argumentando que, cito, “aquilo é sempre a mesma coisa, com as pessoas a fazerem sempre o mesmo”. É nessas alturas que constato que, embora, em tese, qualquer pessoa possa entrar para a Maçonaria, seguramente que a Maçonaria não entra em qualquer pessoa. E fico atónito por não serem capazes de entenderem que é precisamente nessa repetição, que atravessa séculos e culturas, que a Maçonaria se reencontra a cada passo com a sua gloriosa história, revivificando-se num presente que a todos nós cabe fortalecer, para se projectar num futuro onde o seu papel na construção de uma sociedade mais livre, mais justa, mais fraterna e mais solidária jamais desmereça os mais elevados ideais que nortearam os nossos maiores e que a cada um de nós cabe, no presente, o honroso papel de transmitir aos futuros Iniciados.

Sendo a radiodifusão a minha origem profissional, tenho a esperança que me perdoem a mistura do que sinto, com algo que li algures mas que me sinto incapaz de situar. É que, nas sessões maçónicas, os Irmãos emitem vibrações através dos seus pensamentos, sentimentos e ações; para além do mais, o próprio Templo é um grande emissor de ondas. Nestas circunstâncias, pode produzir-se uma enorme harmonia quando coincidem todas as vibrações emitidas, o que significa que passam a possuir uma largura de banda e uma frequência que correspondem ao verdadeiro espírito maçónico.

Reconheço que, antes de sermos Maçons, ou melhor, antes de franquearmos a porta do Templo, temos uma vida profana, quantas e quantas vezes marcada por tristezas, angústias, desilusões e constrangimentos da mais diversa ordem. E por isso peço a generosidade da vossa clemência para aquilo que muito compreensivelmente aceitarei considerarem uma extrapolação grosseira e despropositada do que a seguir ouso referir. É que me atrevo a afirmar que numa sessão de Loja existem não uma, mas duas cadeias de união. 
Porque considero que a primeira delas emana da finalidade mais importante do nosso Ritual de abertura, que é a de ser o instrumento facilitador para uma transição mental desde o ambiente profano até ao mundo maçónico, fazendo com que todos e cada um dos Irmãos se unam para o início da atividade que os levou ao Templo. Para isso e por isso exorto incansavelmente cada um dos Iniciados a que para sempre se deixem impregnar do esoterismo que emana dessa parte do ritual, que, no meu fraco entendimento, não deve ser cumprida de forma aligeirada, para que todos os Irmãos possam acompanhar e reflectir no profundo significado de cada um daqueles momentos. Por eles passa o início da Harmonia de uma sessão no Templo. 

Autor: Álvaro

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